quarta-feira, 26 de maio de 2010

Texto acidental. Nele, contudo, está impressa a marca do gênio, como a de dedos no gesso de uma perna fraturada


Com o pé na via-crúcis


Um dedo quebrado, ai, pio leitor, quebrado no calcante esquerdo. Isto depois de desentendimento com um dos portões lá de casa. Dói que dói, ai.
Resisti para não ser levado ao hospital. Foi uma batalha. Mas há certos momentos em que minhas meninas não estão de brincadeira. Só faltaram me amarrar a uma carroça.
Enfrentei a via-crúcis de que tanto queria fugir.
Primeira estação: indiferença. Segunda: chá de banco e de dor. Terceira: má vontade. Quarta: recusa de atendimento por ausência de ortopedista. Quinta: tudo de novo em outro hospital, exceto quarta estação. [Há ano e meio o bravo jornalista passou por algo semelhante, após quebrar o pé esquerdo em outro acidente doméstico.]
Fui levado ao Hospital de Urgências graças à solidariedade do pai de uma amiga de minhas filhas.
Pessoa de ouro, Juaraci ficou horas a esperar por mim à porta do ambulatório, onde, segundo Elzinha, ainda deu uma demão a padioleiros.
Caminhei sozinho pelos corredores, desolado, mancando penosamente, já que não permitiram que alguém me acompanhasse naquele pedaço de calvário, nem me colocaram numa cadeira de rodas.
Faça-se justiça: quando finalmente me atendeu, depois do encaminhamento médico, a enfermeira até que foi gentil. Eu me desarmei e quase tive uma ereção, juro.
Uma vez fui atropelado por bicicleta, quando “gozava” as férias escolares na vila em que nasci.
Estava hospedado na casa de madrinha Mira. Meus pais iriam buscar-me à época da volta às aulas. Logo nos primeiros dias no lugar sofri o acidade.
A rodovia era ainda de cascalho. Fui atravessá-la cheio de cuidado contra carros e não me dei conta do alegre ciclista no lusco-fusco. Aquele veículo magro, preto, se misturou com as minhas magras e branquelas pernas.
Doeu que doeu. Não havia médico, mas dinha Mira (era assim que eu a chamava) cuidou da perna machucada. Preparou mastruz, bem amassadinho em água morna, e com ele e uma tira de pano me envolveu o tornozelo. [Na realidade a perna fora fraturada cerca de dez centímetros acima do tornozelo.]
Ah, com o passar dos dias a coisa foi-se revelando mais séria que simples torcedura. Eu tinha a impressão de que me haviam implantado um mocotó de boi.
Meu pai, sem saber de nada, não chegava – e estava a apenas oito léguas. No lugarejo não existiam telefone, telégrafo, fax nem e-mail.
Dinha Mira resolveu apelar para remédio mais forte. Com um raminho de arruda, benzeu o mocotó, que se avolumava.
Ela me instalou no hall da casa, de onde eu podia avistar uma nesga de rua. A boa senhora fazia de tudo para amenizar meu aborrecimento. Vinham-me caldo e pirão, doce e biscoito.
Mas, como diria meu pai, o corno (eu) não prestava nem para engordar. Aliás, vivia deitado, pernão estendido, peidando feito porco na engorda.
Ao chegar à conclusão de que nem mastruz nem reza tirava o mau encosto, dinha Mira apelou para linimentos.
Então, além de outras suspeitas emanações de um corpo bem-alimentado e mal-lavado (apesar dos cuidados da dinha), instalou-se em torno de mim o cheiro penetrante de Vick Vaporub e de Iodex, e até mesmo o da papa de farinha de mandioca que era aplicada no inchaço.
Enfim, o caminhão estacionou em frente à casa de madrinha Mira. Fiquei ansioso. Mas ainda tive de esperar que meu pai resolvesse acabar com seus longos e morosos papos.
Pegamos a estrada. Eu ia na cabine, junto com meus pais, invejoso dos irmãos que farreavam na carroceria.
A ânsia de chegar aumentava à medida que o carro vencia léguas. Meu pai, no entanto, muito folgadão, parou para comprar alguns metros da lenha que era oferecida à beira da estrada.
Cada pilha de lenha era de um metro. A carroceria do caminhão recebeu quatro metros, o que criou certo desconforto para meus irmãos.
Só no dia seguinte, depois da radiografia, fui levado ao Hospital Regional. O Dr. Antônio, amigo da família, engessou a perna fraturada.
Um médico bonachão. Gravou no gesso, com festivo tapa, a marca de seus dedos. Não era especialista, mas fez excelente trabalho.
Agora, nos tempos modernos... Você, com um seu-vizinho quebrado, vai embora sem atendimento porque em sala de primeiros socorros não há ortopedista.
É de doer. E como dói. Mas não sei o que prefiro, se um tapa do Dr. Antônio ou o contato das mãos suaves de determinada enfermeira.

Hamilton Carvalho
(Gazeta de Goiás, nº 106, 18/7/1999)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um mundo de talvezes. “Chega o dia em que tudo fica por conta da ilusão”



Pós-escrito de amor

Meu espírito anda (o espírito que anda...) mais confuso que data de validade em embalagens de alimento. Talvez seja por isso que uma pichação no muro da garagem da Transurb não me sai da cabeça.
Não tem qualquer relevância, não protesta, não exige melhor transporte coletivo, não condena a política do governo de privatização. Nada de interesse do “público em geral”, nada de go home, viva Cuba, João Amazonas vem aí. Nada do que era tão comum há pouco tempo.
O escrito, no entanto, ressoou no espírito obumbrado de um homem que se acha sob o signo do desdém, do desprezo tacanho.
Não trouxe luz, muito menos plantou jardim de rosas, como a frase que José Saramago leu na empena do prédio ao lado de uma ruína. Mas talvez tenha suscitado um desejo.
A frase que entrou pelos olhos do escritor português estava em maiúsculas vermelhas e era declaração ou comunicado de amor: “A Lena ama o Rui”.
Sim, poético leitor, tinha tudo para abrir na alma, feito leque, um jardim de rosas.
O que está escrito no muro da Transurb não. São pesadas letras negras que expressam despeito, ou orgulho, ou indiferença. Falsa indiferença, já que ninguém iria sujar as mãos para comunicar ausência de sentimento.
Em mim talvez tenha suscitado um desejo: “A paixão, como veio, vai embora”.
O nome da pessoa a quem se destina a mensagem está borrado, e não há nome de autor. Mas há uma Lena, sim, há um Rui colados a tinta no muro da garagem.
Só que, como é da vida e dos seres humanos, a paixão foi maculada, o amor começou a desbotar, e o Rui e a Lena já não são os mesmos. Aquilo, na parede da Transurb, é quase um pós-escrito de amor.
A Lena e o Rui de Saramago se merecem. Não há despeito, não há mágoa naquele singelo registro. No entanto, no que anuncia ou ameaça o fim de uma paixão há algo de brutal, de taxativo: “Você não me merece.”
Triste constatação, como a que fez um amigo, a encharcar-se em cerveja de R$ 1. “A mulher veio com um pretexto tão besta...”
Mas – filosofava o amigo, alteando a voz para se fazer ouvir acima da canção interpretada por Roberto Carlos – pretexto é pretexto. “Quem precisa disso para justificar o que quer, ou até o que não quer, não merece o outro.”
Às vezes acontece comigo essa de aturar bêbado apaixonado. Com uma atenção torturada, fico no castigo até não mais resistir. Então é hora de procurar pretexto para cair fora.
Talvez eu não mereça o amigo. Acredito, todavia, que todos se merecem até certo ponto. Entre merecer e não merecer, o limite é indefinido, vago, e simplesmente calha um dia de surgir, nítida, a linha que o traça.
Entre amantes, apenas um deles descobre tal desmerecimento: o que é desprezado e, tal o meu amigo, se acredita muito bom.
Naquela noite de confidências, em boteco movimentado, o amigo começou a fazer coro com a voz do alto-falante: ... você não serve pra mim.
Os bugalhos, molhados e fixos em minha direção, me assustaram. Tive a sensação de que todos no bar olhavam para mim, supondo (meus deus) que o infeliz estivesse me dedicando as palavras daquela musiquinha.
Você não serve pra mim. Com pretexto ou sem pretexto, era preciso ficar fora do alcance dos perdigotos confeitados de paixão.
Levantei, acenei como se testasse a visão do rapaz e me joguei na noite da rua. Ao dobrar a esquina, ainda ouvia a voz penosa e encharcada sobrepondo-se à que saía da caixa de som. Vou procurar outro alguém...
Pois é, leitor. A paixão veio, teve a sua história e os seus momentos. Veio branda, sem sustos e rompantes, e logo encheu o espírito de certeza e de rumo.
Chega o dia em que tudo fica por conta da ilusão. As coisas perdem o sentido, os pés adejam alguns palmos acima do chão e a mente se ocupa tão somente com por quês sem eco, sem resposta.
“A paixão vai embora como veio, você me desprezou e descobri que você não me merece.”
Se o amável leitor não entende o motivo desta crônica, a última talvez, não se torture.
Ela nasce de espírito náufrago que se agarra a palavras desenhadas num muro de garagem. Um pós-escrito de amor, uma coisa à toa, um consolo.

Hamilton Carvalho
(Gazeta de Goiás, n.º 105, 11/7/1999)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O autor divaga sobre divagações e como se a vidinha pregressa dele interessasse ao leitor, que semana que vem será brindado com romântico texto


O distraído

Anh? O quê? Ah, sim: sou distraído. Muito. Esqueci até o que ia escrever agora.
Sou tão aéreo que dias atrás entrei numa dessas “estações” da Transurb e saí, quer dizer, entrei por um lado e saí pelo outro, como se estivesse desembarcando. Queimei preciosa passagem.
Sou milagre de sobrevivência no trânsito feito um jegue que havia na minha terra, o Pirela, que atravessava incólume rodovia altamente movimentada.
Esta vocação estuporada para nefelibata não me deu muita sorte com professores. Até a querida dona Maria, minha professora principal na Escola Anísio Teixeira, me chamava de sonso.
Sonso aqui não vai no sentido dado pelos dicionários. Queria significar, mesmo, parvo, desligado, bocó.
Eu tinha boas notas, mas ficava sonhando durante as aulas. Quando a boa Maria me fazia uma pergunta era obrigada, sempre, a repeti-la. Mas ela gostava muito de mim, ao contrário do professor Iolando, o pulha.
Ele surgiu mais tarde em minha vida. Isso quando meus pais, sei lá por que razão, resolveram matricular-me em escola particular. Iolando, o coisa ruim, era o dono dela.
Era maníaco por algo indefinível, sem regras estabelecidas, que ele chamava de disciplina.
Certa vez, indo para a escola, distraidamente esqueci-me pelo caminho. Parava aqui, parava acolá, olhava pra baixo, pra riba, pra não sei onde. O azul do céu, a nuvem, o passarinho; a lagartixa, a flor, o cadarço dos sapatos Vulcabrás.
De repente, ouvi o barulho da serra da serraria que ficava ao lado da escola. Minhas entranhas se comprimiram. Aquele som, familiaríssimo, só era ouvido depois de a aula ter começado.
Passei pelo portão, cheguei à porta da sala e timidamente pedi: “Dá licença, professor?”
Ele bradou: “Venha cá, seu moleque.”
Caso você não saiba, leitor, o filho de seu Miro informa: na minha terra moleque não era palavra para ser vomitada contra menino de boa família. Ofensa grave.
Mas não foi isso o que me levou a dar a resposta que dei quando o infeliz do Iolando perguntou: “Por que chegou atrasado?”
Acreditei estar sendo sincero quando disse: “Porque quis.”
O homem virou fera. Pegou de palmatória enorme, cheia de furos, e me fez estender as mãos. Depois do flagelo, ordenou que eu ficasse virado contra um quadro-negro. Passei todo o período de aula ali, uma manhã inteira sem direito a merenda e recreio.
Não satisfeito, o fanático ainda me fez levar uma carta para meus pais na qual relatava o fato à maneira estúpida dele. O besta aqui, então com seus 9 ou 10 anos de idade, cumpriu direitinho a ingrata missão.
Era bom menino. Songamonga, sim, mas bem-comportado na escola (talvez mesmo por causa da sonsice). Não merecia, em minhas jornadas de estudante, encontrar novamente Iolando no meu caminho. Mas aconteceu.
O indesejado encontro deu-se anos mais tarde, numa escola pública, a melhor, chamada por todos de Escola Normal (ninguém dava bola para o nome “verdadeiro”).
Iolando andava desaparecido, diziam que estava nos Estados Unidos. Assim, quando na Escola Normal me transferi para o período noturno (por motivo que não vem ao caso) nem imaginava que ia dar de cara com o truculento professor, que passaria a dar aulas de inglês.
Havia voltado para o Brasil trazendo uma novidade: a pronúncia que ele afirmava ser a correta. Garden, portanto, era gárdini. Mas eu tinha a impressão de que o homem exagerava. O sotaque continuava baiano.
Não demorou muito para Iolando inventar moda. Anunciou que em tal dia os alunos deveriam dizer uma frase em inglês quando ele fizesse a pergunta pertinente, também em inglês.
No fatídico dia, o escolhido para começar a maratona fui eu. Fiquei espantado, surpreso. Pensei que estivesse bem escondido no fundão da sala.
Quando o professor militarmente ordenou (em inglês) que me levantasse, eu o fiz incontinenti. Fiquei quase em posição de sentido, a tremer dentro do terno marrom com que madrinha Mira me presenteara.
Mas meu olhar foi-se perdendo, passou para além da testa de Iolando e pousou no quadro-negro. O quadro-negro...
Ainda militarmente, o americanófilo (apesar da discriminação que sofrera como pipoqueiro no Harlem) exigiu: “Sentence, please.”
Eu me sentei. A sala estremeceu com a gargalhada geral. Somente o paranoico não riu. Achou que me fizera de desentendido para provocar, e proclamou a sentença: dez dias de suspensão.
Agora, sim, petulante, pedi vinte dias. Ele, pronta e magnanimamente, atendeu.
Vinte dias sem aula por causa de simples distração. Por falar nisso, é preciso concluir este palavreado. Distraidamente, ultrapassei o número de linhas preestabalecido.

[Os alunos do período noturno da Escola Normal eram dispensados do uso da farda, camisa branca e calça azul-marinho e blusinha branca e saia plissada. O famoso terno marrom, na ocasião, tinha a calça mais clara que o paletó, que era envergado somente quando fazia muito frio.]


Hamilton Carvalho
Gazeta de Goiás, nº 104, 4/7/1999)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O leitor pode até ficar com água na boca, mas Hamiltão não tem a receita... ou não quer dar


O comedor de gato

Estava eu sentadão à porta da cozinha, canelas estendidas para a carícia do sol matinal. De repente senti outro tipo de carícia. Um dos três gatos me roçava as pernas.
Sim, três gatos. Lígia, a caçula, chegou a casa, na véspera, trazendo o último dos mosqueteiros devidamente embalado em caixa de papelão. Só espero que não me apareça com nenhum D’Artagnan...
Agora, babá de gatos, desdobro-me em lavar vasilhas e dar de beber e de comer para eles, em vez de curtir um far-niente íntegro, ao sol da manhã.
Como ando em terrível crise de mau humor, cruelmente fiquei a pensar em tio Jeso. Ele adorava gato escaldado, ou melhor, escaldado de gato.
Tia Ziu separou os petrechos com que o marido exercitava sua arte culinária. No caso, ela não confiava de jeito nenhum em água e sabão.
O homem ficava indignado porque ninguém da família queria degustar o nobre cozido, e ainda por cima havia aquele injustificado nojo da panela. “Preconceito besta.”
Tio Jeso era uma figura. Por mais longe que minha família morasse, de vez em quando ele aparecia de surpresa em nossa casa, exalando o indefectível cheirinho de pinga.
Foi assim que nos visitou em Ribeirão Preto. Uma festa para Maurício Guimbeiro. Não que o menino se importasse propriamente com ele. É que as guimbas do tio eram, digamos assim, generosas.
Maurício era coleguinha de folguedos. (Meu deus, com expressões que tais, ainda vou acabar clássico da literatura brasileira.)
Na verdade, o fumador de baganas era uma espécie de rival. Contestava a minha liderança na rua.
Eu tinha uma maneira esquisita de liderar. Certa vez – só para dar pequeno exemplo – arranquei, com um soco, um dente do irmãozinho de Maurício.
Num jogo de futebol, cismei que o garoto estava desobedecendo ao esquema tático elaborado pelo técnico do time, que era, para variar, eu, o dono da bola.
Lembro-me claramente. O menino, coitado, coberto de lama feita de suor e terra vermelha, arregalou os olhos quando me viu marchar no rumo dele com os punhos armados.
Um soco e tanto. O sangue desceu pelo queixo para engrossar a lama que o pequeno craque ganhara no corpo, no esforço de acatar as determinações do Yustrich do São-Paulinho.
Para usar linguagem adequada a ato tão nefando, evadi-me do local. Fui parar à beira de um córrego, e, sentado entre troncos de árvore cortados que alguém ali depositara, passei muitas horas em meditação forçada.
À medida que o tempo escurecia e esfriava, a fome e o remorso tomavam de mim. Se fosse só pelo remorso, teria ficado por lá, ao relento. Mas, não mais resistindo à fome, voltei devagarinho para o aconchego do lar.
Sorrateiramente, acerquei-me dos fundos da casa e saltei o muro. Com muito jeito, empurrei a porta da cozinha e, na ponta dos pés, entrei.
Ali estava meu pai, a segurar com ambas as mãos um corrião dobrado. “Venha cá, seu corno.” O corno foi.
Pois é, Maurício gostava de uma boa guimba. E as do tio eram as melhores, já que os cigarros eram fumados somente até a metade.
Quando o parente jogava fora uma ponta, eu, disfarçando que era uma beleza, ia lá e a catava. Levava para Maurício, apesar de ele contestar minha suposta liderança.
Aliás, para resolver a questão de quem mandava no pedaço, a turma organizou um torneio de arco e flecha. Tiro ao alvo. O vencedor seria o “chefe”. Uma coisa assim meio que democrática.
Adivinhou, leitor entediado, quem foi o ganhador da competição? Maurício Guimbeiro. Só que não levou. Eu, garbosamente, cingi-me com o simbólico cocar. Na marra, é claro.
O menino ficou de mal de mim. Aos poucos, porém, voltamos a circular pelo bairro à cata de guimbas.
Sentadão à porta da cozinha, preguiçosamente com as pernas estendidas para o sol, fiquei a meditar.
Tio Jeso era realmente uma grande figura. Tinha, no entanto, aquela mania de comer gato, animal praticamente extinto nas redondezas de onde ele morava.
Relutando em me levantar para trocar a água dos gatos e abastecê-los de ração, enviesei um olhar para a fêmea quando ela, a miar irritantemente, passou por mim. A danada até que estava bem gordinha...

Hamilton Carvalho
(Gazeta de Goiás, nº 102, 20/6/1999)