quinta-feira, 14 de abril de 2011

Hamiltão devaneia com cambraias e outras brancuras, mas a cena que recria não é propriamente de telenovela espírita...


O reprodutor

Sei lá, sei não. Jamais tive a sorte do ex-tenista alemão Boris Becker, que, sem sofrer o menor trauma, pagou, de uma vez, 5 milhões de dólares de pensão. Resultado de uma acochambradazinha das mais cândidas.
Sim, leitor. Trepada cândida – como só eu consigo conceber (?) – é aquela em que o garanhão age igual a mero reprodutor. O Beckão fez isso. Em 5 segundos. (Por aí já se conclui da inverossimilhança do filme 9 ½ Semanas de Amor.)
A candidez fica por conta também da moça inseminada e do local escolhido. Tudo a sugerir brancura, alvinitência, pureza. Nada como os meus humílimos pés de muro e as domésticas mestiças por quem tronchei.
A nívea garota que recebeu o sêmen premiado foi a tenista russa Angela Ermakowa. Do, digamos assim, efêmero conúbio nasceu a pequena Anna.
O leitoso Boris teria molhado o biscoito em chávena de louça numa lavanderia de restaurante luxuoso. Em 5 segundos – garantiria o touro das quadras, com tanta certeza como se estivera com um coitômetro acoplado no saco.
Ah, minha romântica imaginação voa e pousa naquela lavanderia inglesa cheia de brancas toalhas de mesa (mesmo que haja manchinha de mostarda em uma ou outra), e reconstitui a cena.
Aqui está a angelical menina, de pé, em seu saiote alvíssimo, uma mão a segurar a raquete e a outra a puxar para um lado o friso da calcinha. Diante dela, feito viquingue, braguilha aberta, eis o Boris a empunhar terrível aguilhão.
De súbito ele ataca. Tum tum tum tum tum. (Cada tum desses, prezado leitor, significa 1 milhão de dólares.)
Algum enxerido dirá talvez que essas imagens são coisa de poeta decadente, de sujeitinho frustrado que, depois de ler toda a obra de Zé de Alencar, acabou bronheiro inspirado em manuais do Zéfiro.
Ora, seria muito escracho jogar aquelas duas árias figuras em sórdidos lençóis, ela pelada e arreganhada, ele de bunda para cima a se mexer em frenéticos e duros movimentos de bate-estaca. Trepada desse tipo custa R$ 5 nas redondezas do Terminal do Dergo, em Goiânia.
Espero encontrar na próxima exposição agropecuária uma homenagem ao raçudo tenista alemão: um touro campeão chamado Boris Becker. Ora, pois não é que o danado sabe muito bem do valor da porrinha que tem, um pingo, uma gota dela?
Tanto que antes, para justificar o bucho nobre de Angela Não-sei-o-quê (estou com preguiça de verificar como se escreve Ermakowa), o germano havia dito que a máfia russa roubara o seu sêmen, para chantageá-lo.
Aí, fico a imaginar. Mafioso com cara de Brejnev, grossas e negras luvas de couro, aproxima-se do Borisinho em pleno sonho erótico e, gentilmente, começa a ordenhá-lo com uma mão, enquanto com a outra segura uma latinha de exame de fezes...
Ou então poderia ter sido como se faz com touro de verdade: choque elétrico no roscofe.
Ih, nem assim é da minha conta. Na verdade, meu sêmen está mais desvalorizado que xepa de feira noturna. Só não endurece no estoque porque... Ah, deixa pra lá.
Sei não. Boris disse que estava bêbado quando invadiu os recessos da petequinha da tenista. Pensando bem, aquilo, embora não tenha acontecido em enfermaria, não foi uma foda, foi uma injeção. Desinfetada com muito álcool.

Hamilton Carvalho
(Gazeta de Goiás, nº 194, 29/4/2001

Nenhum comentário:

Postar um comentário